De olho na Copa, Rondônia para
O azarado que não pode, por qualquer motivo, estar na frente de uma TV assistindo o jogo do Brasil, se deparou em plena terça-feira com ruas vazias, carros estacionados e portas fechadas, acompanhado de uma estranha calmaria. Fogos e gritos no meio da estranha calmaria das ruas.
Diariamente, a cena das ruas desertas em dias de jogos, não faz o menor sentido para o comércio. A Copa do mundo já começou há 5 dias. Resultados, jogos de outras seleções, lances marcantes e várias imagens povoram nossas telas nas últimas horas, mas a Copa para o Brasil, de fato, só começou ontem.
Tudo isso, em Rondônia, tomou um aspecto fundamental. Um estado com população espalhada por pequenas cidades, sentiu o clima da Copa de forma muito intensa. Presidente Médici e Ouro Preto, por exemplo, que comemoram aniversário de emancipação hoje, aproveitaram os preparativos para a estreia da seleção e começaram as festas antecipadas ainda na tarde de ontem.
Os horários de trabalho também foram alterados, tanto na rede pública quanto na privada. Todas as esferas do poder público ? municipal, estadual e federal ? trabalharam apenas até às 13 horas.
Lojas e mercados, quando não fecharam totalmente, não tinham necessidade de funcionários de prontidão, tamanho era o vazio das ruas.
A alienação do brasileiro com relação à Copa não é novidade, nos outros anos, a situação também era a mesma, porém, o que se observa é em 2010, é que existe uma entrega maior do brasileiro pela seleção. Segundo o antropológo Demetrio Magnoli, ?existe um patriotismo exagerado para essa Copa pelo bom momento da economia, a estabilidade das instituições e da democracia. Tudo isso colabora para um sentimento patriota coletivo mais forte que o normal?, explicou o antropológo.
O JOGO - Em sua estreia na edição da África do Sul, chegou a dar a impressão que daria de cara com a maior zebra de sua história, mas tudo se resolveu no segundo tempo, após o empate sem gols da primeira etapa. Maicon e Elano fizeram os gols da vitória sobre a inexpressiva Coreia do Norte, no Ellis Park, em Johanesburgo. Mas foi sofrido, 2 a 1, incluindo até mesmo um gol norte-coreano.
A seleção entrou em campo pressionada pela vitória sobre a Coreia do Norte. Era mais que obrigação superar o 105º time do ranking da Fifa em sua segunda participação em Mundiais. Para isso, Dunga fez até mistério nos últimos treinos. Fechou três atividades em quatro dias. Mas o que ele escondeu ainda não foi mostrado. Nenhum segredo foi revelado na estreia.
O Brasil demorou 55min para superar a defesa formada por Ri Myong Guk, Cha Jong Hyok, Ri Jun Il, Ri Kwang Chon e Ji Yun Nam. Decorou? Pelo jeito, Dunga também não. O técnico brasileiro só sabe que a dificuldade da estreia tão falada nos últimos dias se materializou.
A equipe comprometida do treinador gaúcho é também uma equipe burocrática. Não tem a criatividade que os fãs de Paulo Henrique Ganso e Ronaldinho Gaúcho cobraram antes da convocação. Ganso, inclusive, deu as caras ao aparecer no telão em uma propaganda comercial.
Mas o meia real da seleção é Kaká. Ele carrega a camisa 10 e a responsabilidade de armar, de fazer a diferença. Não fez nem um, nem outro. Coube a Robinho assumir tal função. Elano ajudou, como no gol de Maicon. Mas foi muito pouco para o time pentacampeão. Muito pouco para quem busca o hexa.
Muitos apostam que essa será a Copa de Robinho. Desde o primeiro minuto do jogo, ele mostrou que fará de tudo para não decepcionar seus seguidores. O camisa 11 caiu pelos dois lados do campo. Fintou, driblou. Logo de cara, meteu a bola entre as pernas de um coreano. Arriscou de fora da área. Viu que o time estava com dificuldade na armação e recuou ao meio-campo. Até lateral ele cobrou (um na esquerda, outra na direita). Mas foi o único a ser um diferencial.
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