ENTRE BRAÇOS E ABRAÇOS
ENTRE BRAÇOS E ABRAÇOS
* Adilson Luiz
A França chegou à Copa de África carregando um pesado fardo, pois a imprensa mundial não perdoou sua classificação pela mão de Thierry Henry!
O curioso é que todos desculparam o gol de Maradona contra a Inglaterra, em 1986...
A única explicação que encontro, nesse caso, é que ninguém perdoa os ingleses pelo título de 1966, que também foi muito parecido com o da Argentina, em 1978. Assim, parece que acharam justo que nuestros hermanos revidassem nas quatro linhas o revés ainda recente da Guerra das Malvinas.
Franceses ou argentinos, não havia muita diferença entre os dois casos, só que é mais fácil ficar ao lado da Irlanda do que a favor da França. No mais, no calor do jogo, bola na mão ou mão na bola sempre pode acontecer e cabe ao árbitro interpretar cada lance. O mesmo vale para as jogadas corpo a corpo e divididas em geral e, nesse âmbito, o jogo Brasil x Costa do Marfim teve um pouco de tudo.
Para começar, não gostei da escalação de arbitragem francesa, afinal, querendo ou não existe uma ligação cultural relativamente forte entre a França e este país africano, que começa com o próprio nome do país Côte d'Ivoire. O desenvolvimento do jogo mostrou que eu não estava de todo errado, pois, principalmente depois do terceiro gol brasileiro, os marfinenses começaram a bater pesado, sem que o árbitro tomasse atitudes mais rígidas. Duas soladas homéricas - uma que tirou o incansável Elano do jogo, de forma alarmante - foram punidas de forma extremamente branda, enquanto Kaká, caçado em campo, foi punido com um amarelo e, depois, numa encenação grotesca do jogador africano, expulso.
Felizmente, já era tarde para uma reação adversária, embora Drogba tenha reduzido.
Por sorte, os franceses também gostam de futebol bonito e, com certeza, o árbitro ficou tão encantado como nós e o público do estádio e mundo inteiro, quando o Fabuloso Luís Fabiano, num lance espetacular, usou a cabeça, dois chapéus, os braços - duas vezes - e toda categoria que Deus lhe deu para marcar um golaço. Ninguém no mundo teria anulado aquela jogada. Seria um pecado mortal!
Ok, seo juiz: ta perdoado por expulsar o Kaká!
Além disso, o Dunga já deveria tê-lo tirado depois do cartão amarelo. Mas isso também não tem problema, pois, já o Brasil já está classificado, Kaká está melhorando tecnicamente, o time está subindo de produção, Nilmar pode entrar no próximo jogo, dando tempo para o camisa 10 evoluir fisicamente e voltar zerado para a próxima fase.
Para tudo dá-se um jeito!
O resultado foi justo e mostrou as duas apostas de Dunga dando resultado, com Kaká tendo sido decisivo e Luís Fabiano marcando dois. Elano marcou mais um, numa belíssima antecipação, antes de ser covardemente solado por um marfinense. Deus queira que ele se recupere rapidamente, pois ele precisa e merece ser titular desse time.
A defesa brasileira continua firme, com um Lúcio que não cansa de nos impressionar e um Júlio César que saiu muito bem, quando preciso, e não teve culpa no gol.
Resumo da ópera: estamos classificados e mostrando um futebol convincente no segundo tempo. Até Felipe Melo não comprometeu!
Bem, agora é esperar o jogo contra o Portugal para tentar consolidar a liderança do grupo. Estamos fazendo a lição de casa, mas ainda precisamos estudar mais para, na técnica, na garra e, até, no braço, gritar gol e sair para o abraço!
Vamos nessa Brasil!
*Adilson Luiz Gonçalves é Mestre em Educação, Escritor, Engenheiro, e Professor.
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