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DORES E CORES

Data da notícia: 2023-12-13 10:10:58
Foto: Assessoria/Divulga??o

Gosto muito de viajar para Joinville, Corup?, Jaragu?, S?o Francisco do Sul, nos finais de ano, para ver o jacatir?o nativo florescido nos morros, nas encostas, na beira das estradas, nas florestas, espalhando cor em todo o verde. Saudades disso, de n?o fazer isso este ano.

? um privil?gio poder ver o mar para praticamente qualquer lado que se olhe, morando em Florian?polis, mas meus olhos m?opes se revitalizam, se iluminam com a vis?o de matas mesclando o verde com o vermelho, com o arvoredo todo pintado de cores que v?o desde o branco at? o vinho.

Tenho uma rela??o de amor e dor com o jacatir?o. Quando perdi minha primeira filha, h? bastante tempo, fazia poucos anos que eu tinha descoberto essa ?rvore grande e generosa, que se cobre de flores no final da primavera e fica esbanjando beleza at? o final do ver?o, e me tornado admirador e divulgador dela. Ent?o, quando est?vamos indo sepultar minha menina, um raio de luz e cor conseguiu atravessar a n?voa de dor que cobria meus olhos e eu vi as primeiras flores de jacatir?o daquela temporada, numa ?rvore ao lado do cemit?rio.

A? nasceu um pequeno/grande poema: pequeno no tamanho, mas grande no significado: ?A primeira flor / de jacatir?o / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...?

A rela??o que temos, eu e o jacatir?o, na verdade n?o ? s? de amor e dor, mas tamb?m de cumplicidade. Porque acho que ele veio me consolar numa hora em que eu precisava muito de luz para mostrar o caminho, mostrar o ch?o para seguir em frente, mostrar que havia esperan?a. Que a vida segue e que o tempo cura quase tudo, que a saudade vai se tornando companheira e a dor vai diminuindo, embora volte, ?s vezes, um pouquinho mais forte. Que a perda ensina a gente a valorizar mais o que se tem, ensina a amar mais e melhor a vida e nossos entes queridos. Foi um outubro do?do que permanece, por d?cadas. Mas um neto, Ian, veio para n?s justamente no m?s de outubro deste ano, para tornar este um m?s feliz. E c? estamos n?s com uma grande felicidade para comemorar.

Gosto de falar do jacatir?o, de todos os tipos de jacatir?o: daquele nativo, que floresce no meio da mata, no ver?o, no nordeste da nossa Santa e bela Catarina, aut?ntica ?rvore de Natal, se enfeitando para o 25 de dezembro e a virada do ano - no final do ver?o ele floresce no Paran?, S?o Paulo e pelo Brasil afora; do jacatir?o tamb?m chamado de quaresmeira, que floresce mais ao sul de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e tamb?m por quase todo o pa?s, na ?poca da p?scoa, com suas flores menores mas mais coloridas.

E o do jacatir?o de jardim, que chamam de manac?-da-serra e floresce no inverno. Sem falar no jacatir?o roxo, bel?ssimo, e nos primos dele, que tamb?m florescem lindamente.

Gosto de falar dele, enaltecer sua beleza, tamb?m para esclarecer o que diz o verbete correspondente a ele no dicion?rio Aur?lio, que o descreve como uma ?rvore com ?flores insignificantes?. Penso que a alus?o ? uma opini?o pessoal e infeliz.
Voc?, leitor de qualquer parte do Brasil, que n?o sabe o que ? o jacatir?o, preste aten??o se um dia viajar aqui para o sul ou para o sudeste: do final de outubro at? fevereiro, em v?rios pontos da BR 101 e outras rodovias, voc? poder? ver as manchas vermelhas nas matas que ladeiam as estradas.

Fonte: Luiz Carlos Amorim




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