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ARTIGO
A Septuaginta

Data da notícia: 2024-10-28 15:56:25
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Em artigo anterior, citei os estudos dos pergaminhos do Mar Morto que mostram que a Septuaginta é uma tradução de uma fonte original e o que existe hoje em hebraico mudou muito ao longo dos séculos.

Eugene Ulrich e outros pesquisadores traduziram para o inglês e produziram a “Bíblia dos Pergaminhos do Mar Morto - A mais antiga Bíblia conhecida traduzida para o inglês pela primeira vez” (The Dead Sea Scrolls Bible - The Oldest Known Bible Translated for the First Time into English) da qual retiro algumas informações.

A Septuaginta é a antiga versão grega das Escrituras Hebraicas ou do Antigo Testamento, traduzida por vários estudiosos judeus ao longo dos séculos III, II e I a.C. Há muitos fragmentos da Septuaginta, como o Papiro Rylands 458 (século II a.C.) e o Papiro Fouad 266 (cerca de 100 a.C.). E manuscritos completos ou quase, como o Códice Sinaítico e o Códice Vaticano do século IV e o Códice Alexandrino do século V.

Após as conquistas de Alexandre no final do século IV a.C., o grego passou a ser utilizado no Antigo Oriente Próximo, incluindo a Palestina, e numerosos judeus e outros povos emigraram para o Egito. Eventualmente, os judeus daí adotaram o grego como sua primeira língua e se tornaram cada vez menos fluentes em hebraico. Assim, esses judeus helenizados traduziram as Escrituras.

A tradução foi iniciada em Alexandria (Egito) e chamada de Septuaginta ou LXX (setenta) por conta da lenda, pois seriam setenta e dois tradutores. Então, a Septuaginta incorporou traduções gregas de todos os livros da Bíblia Hebraica, traduções de alguns livros excluídos desta e, até mesmo, alguns livros sagrados judeus originalmente escritos em grego.

A Septuaginta é importante, pois, primeiro, quase todos os livros que contém foram traduzidos de uma forma hebraica ou aramaica anterior (embora alguns livros, como 2 Macabeus, tenham sido originalmente compostos em grego). Isso significa que a Septuaginta apresenta aos leitores uma forma hebraica antiga do Antigo Testamento, anterior à época de Jesus.

Segundo, a Septuaginta às vezes oferece evidências impressionantes de diferentes formas antigas de livros bíblicos (por exemplo, Jeremias é 13% mais curto em grego do que no Texto Massorético), bem como diferentes leituras antigas em algumas passagens.

Terceiro, como a Septuaginta era a Bíblia do Judaísmo Helenístico, ela oferece importantes percepções sobre como os judeus de língua grega usavam e entendiam as Escrituras.

Quarto, como a Septuaginta é citada no Novo Testamento e foi utilizada por autores cristãos primitivos, ela constitui a Bíblia da igreja primitiva e ajuda a explicar a exegese cristã inicial das Escrituras.

Finalmente, a Septuaginta contém os livros do Antigo Testamento na organização quádrupla que é encontrada nas Bíblias cristãs modernas: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Poéticos e Profetas (embora a ordem específica dos livros às vezes varie entre os manuscritos da Septuaginta). É da Septuaginta que a maioria das Bíblias modernas adotou essa organização, e que as Bíblias católicas incluíram os livros deuterocanônicos.

Fonte: Mario Eugenio Saturno




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