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ARTIGO
Bispos contra termelétrica

Data da notícia: 2025-04-14 17:51:33
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Os bispos da Região Metropolitana de São José dos Campos posicionaram-se contra a instalação da termelétrica de Caçapava, o que fazem muito bem e, aliás, está de acordo com a Campanha da Fraternidade de 2025, que tem como tema “Ecologia Integral”. Dirão os pouco intencionados a serviço do petrodólar: mas precisamos de energia! Como se não houvesse opções, sim, no plural.

Diz a carta: Aos Fiéis, às Autoridades, a todos de boa vontade. “Quando os seres humanos destroem a biodiversidade da criação de Deus; contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais; quando contaminam as águas, o solo, o ar. Tudo isso é pecado. Um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus” (Laudato Si 8, Papa Francisco).

Considerando o alertas de reconhecidos pesquisadores e de professores de conceituadas instituições como ITA, INPE, UNITAU, USP, UNESP, e FATEC, que se manifestaram tecnicamente contra a instalação da termelétrica, queremos também nós expressar nossa preocupação e solicitar às autoridades competentes que se priorize a busca de novas fontes de geração de energia que sejam renováveis e não poluentes, pedimos que não permitam que interesses econômicos se sobreponham ao respeito ao ambiente, à qualidade de vida e à vontade da população.

A pretensa movimentação econômica local deve ser considerada com cautela. O projeto prevê a geração de 1.750 Megawatts de potência, tornando-se a maior na América Latina. Desta forma é necessário que a sociedade procure, diante da demanda crescente de energia, uma transição urgente de soluções sustentáveis, que se demonstram cada vez mais necessárias.

As consequências no clima vêm se abatendo a cada ano com mais intensidade. Como o desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, o aumento da temperatura acima da média e chuvas extremas que também ocorrem no estado de São Paulo e outros locais do Brasil e no mundo.

A queima de combustíveis fósseis na usina liberará poluentes na atmosfera, como óxidos de nitrogênio e partículas finas, que podem causar ou agravar problemas respiratórios e cardiovasculares na população, sobretudo às crianças e aos idosos.

Ainda provocará um aumento no custo da energia elétrica para consumidores, desvalorização dos imóveis. E ainda pode exigir o deslocamento de comunidades locais, causando a perda de laços comunitários. E os benefícios econômicos ficarão para as grandes corporações enquanto as comunidades locais arcam com os custos ambientais e de saúde.

Como temos muitas hidrelétricas na região que podem trabalhar conjugado com energia solar em produção local, sugiro o financiamento de cooperativas de produção solar para cidadãos de baixa renda e pequenos negócios. Um kit solar de 2,44 kWp (que gera 292 kWh por mês) custa instalado menos de R$ 5 mil. Para igualar a termelétrica, precisaremos de um milhão de kits, ou cinco bilhões de reais, lembrando que esse dinheiro volta aos cofres públicos após 20 meses e com juros, podendo financiar novos geradores.

*Mario Eugenio Saturno (fb. com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

Fonte: Mario Eugenio Saturno




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