Jornal Correio Popular Notícia

ARTIGO
Brava Angela Bretas

Data da notícia: 2025-07-31 18:44:33
Foto:

O Festival Literário de Ji-Paraná, o Jipalê, não pode ser contado em poucas palavras. Isso frustra o acelerado ritmo das ideias de quem passou a conviver e convive em mundo interconectado por mensagens e conteúdos que ditam (ou pretendem ditar) a forma de como vamos agir e pensar. Essa realização veio da busca por diálogos diversos com temas concretos, que valorizam a palavra escrita e falada, como também evita que a sensibilidade deste ato se perca em vazio de zeros e uns.       

Em meio a isso, creio eu, nasceu a proposta de realizar o festival e também meu primeiro contato com a cidadã do mundo Angela Bretas. Ela conseguiu meu contato com um parente próximo dela (o Márcio Andrade), e queria que eu participasse do projeto como coautor ou redigisse o pós-fácil da obra. Preferi a segunda opção. Quem me conhece bem, sabe o quanto sou senhor do meu tempo, contudo, um jornalista e escritor de palavra.

Enviei o texto no último minuto da prorrogação. Porém, mesmo sem me conhecer, ela me revelou que sabia que eu iria participar. Talvez tenha sido um jeito educado de disfarçar a apreensão. Assim como muitos, fiz o mínimo, alguns nem isso, enquanto outros se entregaram mais do que podiam. Como toda grande inspiração, para que ela possa transcender aos estágios do projeto e a execução, foi preciso quer garra, sempre, mesmo que à base do controle da ansiedade, das pequenas conquistas e das muitas críticas.

As terras amazônicas são pobres em nutrientes. Para que a floresta se mantenha de pé, é preciso que ela se autoalimente. A mesma folha que cai na fase de crescimento, cumprindo um ritual de vida, é aquela que também servirá de sustento para a própria árvore quando estiver no chão. Me atrevo a dizer ou a escrever que essa foi a maneira encontrada para mostrar que precisamos nos nutrir de nossos próprios ideais. O que isso tem a ver a Angela Bretas?  

Apenas sei que usar esse comparativo, talvez, possa dar a dimensão do que foi realizado, em Ji-Paraná, no dia 27 de julho de 2025. Quando mais de 250 pessoas se reuniram aqui para festejar a produção literária rondoniense e o estímulo à leitura. Também foi um grito na direção da sociedade pela diversidade e a inclusão, e que a literatura cura e também liberta de raciocínios artificiais e programados, mas que precisa ser ouvido e ecoado.   

A primeira edição do Festival Jipalê vai ficar para a história. Por isso mesmo, é preciso que ele não fique somente neste lugar de memória, na hora em que o cansaço bater, os dias se passarem, as pessoas se afastarem, as mensagens pararem de chegar no aplicativo ou, pior ainda, quando não houver mais tempo. E agora, Angela Bretas? Essas situações mostram apenas o caminho que se deve tomar, e neste mundo polarizado, o melhor atalho é seguir em frente.

Mas, antes disso, é bom saber que sempre haverá uma folha que cai. Se não for essa, poderá ser a outra ou, quem sabe, uma próxima trazida de bem longe pelo vento para que a vida continue se renovando, assim como as boas ideias. Penso que a razão da existência está na forma de como conseguimos tirar dela o que nos foi oferecido, e o Jipalê foi uma catarse para me doar mais vezes. Brava Angela Bretas.

*Jairo Ardull - Jornalista e escritor

Fonte: Jairo Ardull




Compartilhe com seus amigos:
 




www.correiopopular.com.br
é uma publicação pertencente à EMPRESA JORNALÍSTICA CP DE RONDÔNIA LTDA
2016 - Todos os direitos reservados
Contatos: redacao@correiopopular.net - comercial@correiopopular.com.br - cpredacao@uol.com.br
Telefone: 69-3421-6853.